sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Harry Truman

Quando são citados os grandes presidentes americanos de todos os tempos invariavelmente aparecem George Washington, Thomas Jefferson, Abraham Lincoln, Franklin Delano Roosevelt e por razões mais sentimentais do que práticas, o Presidente John Kennedy.
Quase ninguém menciona Harry Truman mesmo tendo sido ele o grande mentor do Plano Marshall de resultados extraordinários na Europa e de valia suspeita para o Brasil.
No máximo, os estudiosos da Presidência dos Estados Unidos reservam-lhe um lugar especial entre os presidentes mais folclóricos e aí, de forma injusta, o colocam ao lado de um Calvin Coolidge, nada mais do que uma ponte entre a mediocridade completa de William Harding e a irresponsabilidade capitalista de Herbert Hoover.
Nesta era de políticos inescrupulosas que tanto mal causam ao Brasil, a maneira de fazer política do Presidente Truman poderia ser um modelo de seriedade, ética e respeito à cousa pública a ser seguido. Truman era também detentor de humor seco e venenoso ao estilo dos grandes políticos mineiros. Já de volta ao Missouri depois de ocupar a presidência dos Estado Unidos num período de muita comoção no alvorecer da Guerra Fria, perguntado com avaliava o seu desempenho como político e presidente, saiu-se com uma tirada que ainda hoje é mencionada com a malicia da intenção com que foi pronunciada. Truman respondeu: “Eu tinha duas opções na vida: ser tocador de piano num cabaré ou ser político. Para dizer a verdade, estou convencido de que não há muita diferença.”
Há uma expressão muito popular nos Estados Unidos que é usada em ocasiões quando não se quer ou há dificuldade para se tomar uma decisão, diz-se então: “Pass the buck”, em tradução livre, “Passe adiante”. Quando assumiu a Casa Branca, Truman mandou imprimir uma inscrição que colocou numa moldura e mantinha bastante visível sobre sua mesa de trabalho. A inscrição dizia: “The buck stops here”. De novo, em tradução livre, “Daqui não passa”. Aqui as decisões são tomadas. Ponto.
Era assim o velho professor de História. De uma pureza e honestidade tais que ao deixar a presidência voltou para o Missouri onde morou o resto da vida numa casa herdada por sua mulher vivendo com uma pensão de pouco mais de 13 mil dólares por ano. Durante os anos em que foi presidente pagou todas as despesas das viagens que fez além de pagar muitas vezes suas próprias refeições.
Quando vemos a maneira fácil como alguns políticos brasileiros têm amealhado riquezas incríveis e tratam a coisa pública, temos que pensar que os políticos brasileiros ganham muito mais do que os americanos e que modelos como Truman talvez nunca tenham existido por aqui.
* é professor da UFAL